“Don’t let anyone tell you that you can’t!” – Barack Obama
Quando decidi largar meu emprego no Brasil e vir para os Estados Unidos fazer Mestrado em Ciência da Computação, a pergunta que mais ouvi foi: “Mas você fez Marketing, como assim você vai trabalhar com TI?”. No começo, muitas dessas perguntas me trouxeram certa insegurança, me fazendo duvidar do caminho sinuoso que eu sabia que estava prestes a encarar. Já eram 6 anos estudando, e 4 anos trabalhando na área de comunicação. O mais mágico é que, depois dessa insegurança, batia o sentimento de que eu estava seguindo o meu coração, agarrando um mundo novo que eu já pensava há muito tempo em descobrir. Sabe aquela sensação de quando a oportunidade certa, na hora certa, está ali na sua frente, esperando para ser agarrada? Era isso o que eu estava sentindo, e nenhuma dessas perguntas conseguia me fazer pensar o contrário.
Em 2010, eu entrei no curso de Publicidade e Propaganda da ESPM-SP. Foram os anos mais incríveis que alguém poderia viver. Comecei a trabalhar no blog da faculdade: eu amava pesquisar sobre inovação, tendências, análise de métricas online, etc, além de ter o primeiro contato com HTML e CSS. Depois, trabalhei por 2 anos e meio na Editora Abril (esse era, definitivamente, o meu trabalho dos sonhos). Aprendi MUITO fazendo eventos pra grandes revistas como EXAME, INFO, VOCE S/A – trabalhei com pessoas incríveis, que admiro até hoje. Lá, tive meu primeiro contato com desenvolvimento web e aplicativo.
Minha vontade de trabalhar com tecnologia só aumentava, mas ficava sempre escondida. Me formei no final de 2013, e no início de 2014 passei 2 meses na Índia fazendo trabalho voluntário. Voltei, pedi demissão do meu emprego na Abril, fui para o Rio de Janeiro trabalhar – e estudar, mais uma vez. Comecei o MBA em Inteligência Competitiva – nessa época, a paixão por análise de dados e Business Intelligence (ou Inteligência de Negócios) só reforçava a minha vontade de estudar mais a fundo computação. Na época, meu namorado, que fez Graduação e Mestrado em Ciência da Computação, e hoje faz Doutorado em Data Science, foi o meu maior incentivador. Terminei o MBA em 2016 e percebi que era agora ou nunca: eu queria entrar no mundo da tecnologia.
O processo todo foi longo e demorado, mas valeu muito a pena (depois vou escrever sobre isso). Estudar Ciência da Computação envolve várias áreas interessantíssimas, como: data science, artificial intelligence, machine learning, computer vision, robotics, cybersecurity, database, human-computer interaction, software engineering, bioinformatics, (ou ciência de dados, inteligência artificial, aprendizado de máquinas, visão computacional, robótica, segurança, base de dados, interação humano-computador, engenharia de software, bioinformática): pra citar apenas algumas. Você pode estudar desde análise de genes, desenvolvimento de softwares, robôs, até como aperfeiçoar interface de produtos (de carros até geladeiras) para que a comunicação entre computador e humano seja aperfeiçoada. Fazer Mestrado em Ciência da Computação pode ser difícil se você, assim como eu, não fez quatros anos de graduação em alguma área relacionada, mas, definitivamente, não é impossível. Esse é apenas o meu primeiro ano aqui, e eu consigo ver o quanto voltar a estudar cálculo pode ser duro – principalmente em uma sala onde a maioria sabe muito mais do que você por já ter algum tipo de vivência na área. Por outro lado, você vê o quanto é incrível e surpreendente as infinitas possibilidades de poder unir áreas completamente diferentes (como psicologia, linguística, comunicação, biologia, medicina, design, entre outras) com Ciência da Computação, ou mesmo Engenharia da Computação. Sem contar que ter habilidades técnicas de computação (e programação!) será (já é) extremamente valioso no mercado de trabalho.
Aqui nos Estados Unidos há um incentivo enorme para os estudantes ingressarem na área de STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics). Há muita oportunidade de emprego e bolsas de estudo. O Presidente Obama já falava do tema desde quando assumiu a presidência do país, e, em 2013, lançou também um vídeo no youtube, encorajando os americanos a estudarem Computer Science.
Desde 2011, diversas iniciativas foram sendo divulgadas pelo governo: STEM For All, TechHire, Improving STEM Education, Broadening Participation in STEM, entre outras.
Antes de entrar de cabeça, pesquisando sobre o curso, eu pude perceber o quanto o país investe e apoia as áreas de Ciência e Engenharia, e o quanto eu poderia usar o que aprendi na minha graduação e no meu MBA em Inteligência Competitiva, com o que estava vindo estudar aqui. Também descobri que existem pouquíssimas mulheres na área (apenas 18% dos formados em Ciência da Computação, nos EUA, são mulheres!), mas também existe muita coisa boa sendo feita por organizações e mulheres fantásticas para mudar esse cenário (ainda vou falar sobre como se engajar e fazer parte desses grupos! ).
Se você tem interesse em estudar Ciência da Computação nos EUA, mas tem qualquer dúvida ou insegurança em relação ao assunto, me manda uma mensagem ou deixe um comentário. Eu vou ter um prazer enorme em mostrar que o medo é passageiro, e que vir pro mundo dos códigos vai te desafiar e ver que você é capaz de criar o que quiser, basta ter um computador e muita vontade de aprender!
Mariana Carvalho é escritora, mentora de carreira, Latino 30 Under 30 2022 pela revista El Mundo Boston, Mentor of the Year 2023 pela WomenTech Network, com mais de 12 anos de experiência profissional, sendo os 7 últimos no mercado corporativo americano. Mentoria | Medium | LinkedIn | Instagram | Website
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